14 de junho de 2017

Pelourinho foi cenário de ópera dedicada a Santo Antônio

Os cantores do NOB se apresentaram na sacada do Solar do Ferrão
 (Foto: Arisson Marinho)
Por Roberto Midlej
Os tradicionais tambores afros do Pelourinho silenciaram para dar lugar à música erudita. Nesta terça-feira (13), às 19h, foi apresentado, na sacada do Solar Ferrão, o espetáculo Oratório de Santo Antônio - Uma Ópera Junina, formado pelos cantores do Núcleo de Ópera da Bahia (NOP). 
A baiana de acarajé Noélia Mascarenhas, que trabalha ali há 24 anos, estava começando a montar seu tabuleiro quando ouviu o início dos cânticos: “Quando eu ouvi, fiquei curiosa e parei de montar as coisas. É tão bonito! Só tinha visto ópera uma vez, na Barra”.
A professora Neuza Miranda havia ido à Benção do Olodum e, na saída, decidiu parar e ver a ópera: “Eu sempre estou aqui, mas nunca tinha visto um espetáculo assim. Achei deslumbrante! Já tinha visto ópera qando estive no Rio de Janeiro. Mas este cenário é especial”.
A apresentação teve regência do maestro Aldo Brizzi e entre os integrantes estavam a mezzosoprano Vanda Otero, o tenor Carlos Eduardo Santos, o baixo Josehr Santos e a soprano Graça Reis. “A apresentação consiste no repertório tradicional do Santo Antônio em um novo olhar que passa pela música clássica”, disse Graça Reis.
A apresentação de ontem teve participação do Cortejo Afro, bloco fundado há 19 anos. Alberto Pitta, presidente e artista plástico da instituição, celebrou o convite feito ao Cortejo e a integração  entre o catolicismo e a cultura africana: “Este sincretismo é historicamente brasileiro e baiano. Esta ópera é sincrética ao incorporar elementos da cultura afrobrasileira”, diz Pitta, que vê no sincretismo religioso  uma tentativa da  Igreja Católica de se  redimir por ter fomentado a questão negreira no Brasil.
A produtora do Núcleo de Ópera, Renata Campos, ressalta a relação do NOB com o patrimônio cultural de Salvador: “O Núcleo não foi criado para concorrer com as grandes montagens do mundo, mas para fazer um link entre a ópera e a cultura baiana. Por isso, as apresentações são realizadas em espaços alternativos, como este que estamos vendo no Pelourinho”.
Nesta quarta (14), no Solar Ferrão, às 20h, haverá a abertura da exposição Viva São João, com criações de artistas plásticos que fazem referências às festa juninas. Os autores são da capital e de Cachoeira. “Salvador é famosa pelo Carnaval, que atrai multidões para desfrutarem da nossa festa colorida. No entanto, o São João tem sua apresentação de igual magnitude no interior da Bahia, onde reforça as tradições, os laços de amizade entre os povos”, comenta Marcia Schlapp, uma das curadoras da mostra, que vai até o dia 30, com entrada gratuita. Antes, às 19h, haverá a última apresentação do NOB.

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